terça-feira, 31 de março de 2009

Autoconhecimento

Analisar sobre a vida (dos outros) é fácil, mas analisar a si mesmo é o que constitui uma difícil tarefa, pois implica em confissões, caminhadas, peregrinação no impenetrável, descobrir o enigma da própria existência.
Drummond já dizia que o homem
“Conquista a lua,
Pisa a lua
Humaniza a lua” [...]
Mas não “pisa no solo do próprio coração”. E, não o faz porque necessitaria viajar para dentro de si e deparar-se com medos e preconceitos ocultos; frustrações e fracassos que marcaram como ferro em brasa a pele da VIDA.
Essas cicatrizes nos afugentam de nós mesmos, nos impedem o autoconhecimento,
A jornada é íngrime, acidentada, duríssima, mas no topo da montanha da VIDA teremos a recompensa.
Logo que nos determinamos a ir um pouco mais além do superficial, certamente, faremos a diferença. Ao chegarmos lá no topo, teremos percorrido trilhas de sabedoria e conhecimento. Então nossa jornada terá fim, pois saberemos quem somos, e, teremos pisado no solo do nosso coração. E nos humanizado...

Carla Maynart

sexta-feira, 27 de março de 2009

LEMBRANÇAS

Ontem andei revirando gavetas, vasculhando o passado, cutucando memórias.
Encontrei um álbum antigo, fotografias amareladas, em preto e branco, tão descoloridas que parecia sépia. Saudade.
Ah! Saudade é a única palavra capaz de descrever o sentimento contido. Aquela foto de infância... passou, não volta mais, muito embora digam que estou quase criança novamente.
Cada página de papelão verde com uma folha de papel seda – para proteger as fotos - conta um momento da minha história.
Vamos olhá-las juntas.
Esta primeira, é a foto do meu batismo, devia ter um pouco menos de dois anos. Nela estão papai, um negro alto, elegante, bonito, vistoso, industrioso, “um pão”! Mamãe, a negra mais linda que já vi, carinhosa, inteligente, amiga e companheira, sempre usava os cabelos presos num coque, muito elegante, um favo de mel. Apenas José de Alencar adjetivaria melhor dona Josefa, minha mãe.Também estão na foto, minha madrinha, D. Quitéria e meu padrinho, tio João.
Essas seguintes, são comemorações em família, sempre unidos e assim nos fortalecendo, ao redor da mesa da cozinha, principalmente.
Esta aqui, minha amiga, foi de um natal maravilhoso, tinha 10 anos, ganhei minha boneca de cordas, linda! Ganhei também uma boneca de pano com olhos brilhantes como duas jabuticabas. Nessa idade tudo é bom, não temos preocupações; embora fosse um período difícil, pós II Guerra Mundial, tantas privações, principalmente para os negros, muita discriminação, preconceito.
Meu pai, meu grande educador, deu instrução a todos os filhos e filhas, eu sou a primogênita de oito irmãos. Nosso maior aprendizado foi no lar, papai nos dizia: “Não esqueça quem é você, levante a cabeça, olhe nos olhos, olhe para trás e então verás a força dos teus”. Demorei para entender a lição ensinada por ele.
Revendo fotos, sempre olho para trás e vejo os meus que se foram, que lutaram, resistiram as adversidades e as crueldades cometidas contra eles; por causa deles, hoje sei quem sou eu.
Falando neles, este é vovô, já estava velhinho e, como sempre, vestido em seu terno branco. Nasceu livre, mas presenciou atrocidades num engenho aqui próximo.
É, Rosa, minha amiga, muita historia. Rever fotografias é revirar o passado, revolver emoções, libertar-se.
O bom de poder observar quem fomos um dia, quem somos hoje e o percurso, é justamente a possibilidade de nos conhecer e saber quem podemos ser no futuro e, jamais, esquecer dos nossos ancestrais que abriram caminho e nos deram licença para trilhar por eles fazendo nossa própria caminhada e continuando a nossa historia. AXÉ!

Carlinha Maynart

segunda-feira, 23 de março de 2009

AMIZADE

Falarei de amizade

Desde que minha grande amiga de faculdade deixou nossa cidade para terras de além-mar, sinto sua falta.
A saudade doeu bastante no princípio. Parecia que nunca teria fim a dor da ausência do outro e de mim mesma. O tempo passou. Não dei conta das horas, dos dias e dos meses que antes contava. Agora faz anos.
Cronos, Sr. do Tempo, se incube de atravessar nossas vidas, e, nessa travessia ele mexe com nossas características, nossos sentimentos... brinca conosco; mas ele, somente ele, é capaz de transformar a dor aguda da perda em doces lembranças de épocas vividas.
Cronos fez tudo isso comigo. A dor da saudade diminuiu ano após ano.
Desde nossa formatura, em 1994, perdemos contato, não nos comunicamos mais. Nunca tive seu endereço, nunca nos escrevemos ou telefonamos, mas certamente nos recordamos dos passeios que fazíamos à praia e ao shopping com os outros colegas, das aulas de Teresa, Granville, Aldes, Mariluce... da ‘cusparada’ no teatro. Cada uma a seu modo teve recordações, e essas são elos de amizade que não se quebra.
A era virtual invadiu minha vida e trouxe a possibilidade de diminuir distancias, encontrar e fazer amigos; permitir o acesso ao conhecimento, às Ciências.
A tecnologia tem ajudado muito. Faço parte de um site de relacionamento, desde meu cadastramento procuro amigos, parentes, próximos ou distantes..
Sempre tentei encontrar minha amiga/colega sem sucesso. Até que, nesta sexta-feira (20/03/2009) tive um ‘insight’ e a procurei por sobrenome/cidade natal. DEU CERTO!! Encontrei um sobrinho dela. Nos add, teclamos e ele me enviou o endereço dela.
Embora a correspondência (não eletrônica) demore um pouco, não levará mais 15 anos.
Estou feliz!

“Amigo é coisa pra se guardar
Do lado esquerdo do peito [...]
Mesmo que o tempo e a distancia
Digam NÃO...”
(Milton Nascimento)
Para você, amiga Isaura
Carla Maynart

domingo, 22 de março de 2009

Mudanças

Que dizer daqueles dias que a vida nos dá um susto? É tão repentino que ficamos atordoados e sem ação.
Por conta desse "saculejo", repensamos o mundo. Optamos por mudar, mas, mudar o que?
Eu, determinada, resolvi mudar a minha rotina, aproveitar as boas oportunidades e saborear as emoções. Esses gestos que ficaram esquecidos, guardados no memoria, estão no momento de serem reanalisados. O bom retém, o que não é bom descarta-se
Assim como eu. Nao se amedronte!!
Estamos propício a examinar, apreciar, a (re)avaliar nossos (pre)conceitos; e desfrutar de pequenas coisas; sentir e viver com intensidade os sentimentos. Esse exercício, que deve ser diário, nos faz sujeito ativos da própria história.
CARPE DIEM!!
É necessário abraçar os sonhos, entender os acontecimenetos , sacudir a vida com determinação, buscando ter forças para as lutas que são diárias .
É preciso acordar! Pois a vida nos sacode para nos manter vivos.
Quando a vida quiser te assustar... grite alto e primeiro.
Seja, você, o protagonista da sua história!
Carla Maynart