domingo, 26 de julho de 2009

Acorrentar-se

Numa noite dessas, estava lendo um texto e comecei a refletir sobre ENTREGA e DOAÇÃO. texto dizia que é preciso "perceber a sutil diferença entre estender as mãos e acorrentar a alma."
(Shakespeare - no blog de *Julian Cezare)

Pensei sobre o acorrentado, como se processa essa entrega, porque o outro se permite e quais seriam as possíveis causas dessa "passividade". Embora tentasse analisar a situação, percebia que essa é uma via de mão única é, em geral, unilatral.

Salvo as relações sadomasoquistas, vale ressaltar que não estou me referindo ao sexo, mas de relações onde as pessoas querem sofrer/castigar e acabam acorrentadas a uma ideia distorcida de amor, amizade.

Olhei em volta e enxerguei grandes aros entravando vidas. Diversas são as situações que aprisionam as almas. Alguns, diante da solidão, se agarram a outras pessoas e quase não as deixam respirar; esses querem acorrentar, mas nem sempre conseguem... felizmente, pois, como em toda situação de aprisionamento, o objetivo é trazer o outro para perto, junto, ao alcance dos olhos, impedindo o crescimento, afundando, (re)baixando, para que o outro seja o sujeito da sua própria vida.


Outros desejam desesperadamente estar acorrentados ao seu "porto seguro", sua "âncora", como sua tábua de salvação.

Ledo engano...

Apenas cada um de nós, individualmente, podemos superar as nossas fraquezas, frustrações, fracassos, à medida que (re)conhecemos nossas vitórias e acertos, quando paramos para "aplaudir" nossos feitos e nos amar mais, soltando, assim, as amarras que nos prendem, nos escravizam e nos acorretam.

Entrega e doação são diferentes de aprisionamento, submissão ou servidão.
By Carlinha Maynart

* http://juliancezare.wordpress.com/2009/05/16/um-dia-aprendemos/